Servidores Públicos de Parnaíba Cobram Respeito e Direitos na Câmara Municipal

Leandro Lopes
📷Leandro Lopes © Reprodução
🏠Parnaíba (PI)

Presidente do SINDSERM denuncia defasagem salarial, assédio moral e exige prazo de 15 dias para respostas da Prefeitura; indicativo de greve é anunciado.

Em uma sessão marcada por discursos firmes e grande mobilização, o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Parnaíba (SINDSERM), Leandro Lopes, utilizou a Tribuna Livre da Câmara Municipal nesta Segunda-feira(14) para denunciar problemas crônicos enfrentados pelos trabalhadores das áreas da saúde e da educação. O uso da tribuna foi proposto pelo vereador Zé Filho.


Leandro apresentou três documentos que sintetizam as principais reivindicações dos servidores, entre elas a defasagem salarial, a falta de estrutura nos postos de trabalho, e o assédio moral por parte de gestores da administração pública. Durante a sessão, também foi lembrada uma reunião ocorrida no mesmo dia com o prefeito Francisco Emanuel, ocasião em que as demandas foram oficialmente entregues.

Não adianta propor recomposição salarial sem uma data-base. Servidores com 5, 10, 20 anos de serviço sofrem com defasagem e falta de estrutura. O sindicato defende que os servidores tenham previsibilidade em relação a seus salários e direitos”, afirmou Leandro.

Entre os temas sensíveis apresentados, chamou atenção à situação dos vigias da saúde, que pleiteiam redesignação para o cargo de guardas patrimoniais, além da implementação das gratificações por periculosidade e insalubridade - direitos já previstos no Estatuto do Servidor, mas ainda ignorados por muitos gestores. Leandro também cobrou a efetivação da gratificação de atividade em saúde para servidores que atuam fora da linha de frente, mas são fundamentais no funcionamento do sistema.

Críticas à Gestão e Solidariedade a Vereadora

Além das pautas trabalhistas, Leandro denunciou casos de assédio moral, praticados tanto pela gestão anterior quanto pela atual, e pediu atenção especial do prefeito. Em sua fala, ele também expressou solidariedade à vereadora Fátima Carmino (PT), que teria sido impedida de participar da reunião entre o prefeito e os servidores.

Pedimos que o prefeito tenha atenção a essas posturas rasteiras de assédio”, disse, em tom de indignação. A fala repercutiu entre os parlamentares e o público presente.

O sindicalista também criticou a falta de respostas aos requerimentos aprovados pela Câmara, como o do dia 18 de Março, que solicitava uma audiência com os servidores. Leandro novamente citou o caso da vereadora Fátima Carmino, que foi impedida de participar da reunião com o prefeito sob a justificativa de que não havia agendamento prévio, mesmo após solicitação formal com aval dos vereadores.

Prazo Final e indicativo de Greve

Diante do cenário de descaso, o sindicato deu um ultimato à gestão: um prazo de 15 dias para que o prefeito se manifeste oficialmente sobre as reivindicações. Caso não haja avanço, a categoria poderá realizar nova paralisação, com indicativo de greve geral.

Ninguém gosta de greve, mas, às vezes, é o recurso de quem não é ouvido”, desabafou o presidente, dirigindo-se diretamente aos vereadores presentes.

Entre os principais pontos defendidos, estão à aprovação do Piso Salarial Municipal - cuja indicação já tramita na Câmara -, a criação de uma data-base para negociações, e a implementação de uma tabela de pagamento.

Mobilização Segue nas Ruas

A mobilização promovida pelo SINDSERM, que levou dezenas de servidores a protestarem em frente à prefeitura na semana passada, foi ressaltada como uma ferramenta essencial para pressionar a gestão. “Nada veio de mão beijada. Tudo que conquistamos foi com luta e sensibilidade nas ruas”, pontuou Leandro.

Segundo o sindicalista, as reivindicações, especialmente na área da saúde, impactam diretamente cerca de 300 servidores. Ainda assim, o custo para a gestão seria “irrisório”, conforme avaliação interna.

A Indignação da Vereadora Fátima Carmino


A vereadora Fátima Carmino também usou da palavra para expressar sua indignação por ter sido impedida de participar da reunião entre os servidores da saúde e da educação com o prefeito Francisco Emanuel. Segundo ela, a solicitação de audiência foi feita formalmente, com requerimento aprovado pela Câmara, e sua presença visava unicamente representar os interesses públicos. “Eu não tenho nenhum interesse pessoal. Pedi reunião para tratar das coisas públicas. O meu interesse é fazer o meu trabalho”, pontuou Carmino. Ainda assim, segundo Fátima, houve movimentações para barrar sua entrada, o que a fez recuar em respeito ao grupo e à luta sindical.

A parlamentar relatou que, ao perceber a movimentação política para limitar sua presença, alertou os profissionais que a acompanhavam de que ela poderia ser impedida de entrar. “Todos disseram que só participariam comigo. Mas eu disse: conquistamos esse espaço com o trabalho sindical e com o apoio da Câmara. Se me impedirem, não entrarei. Meu papel é apoiar vocês, não é forçar presença. Quero que sejam atendidos, que tenham condições dignas, porque tem servidor que não pode pagar uma consulta, um exame. Isso é o que importa”, completou.

Fátima criticou o que classificou como “fraqueza política” da gestão ao não permitir sua presença como representante fiscalizadora do Legislativo. “Como é que o prefeito não aceita a presença de uma vereadora numa reunião pública? Que medo é esse? Isso não é democracia. Não estou pedindo nada para mim, nem aceitaria se oferecessem. Estou vereadora para trabalhar pelo povo, não para agradar vaidades”, concluiu, destacando que a luta pelo respeito aos servidores continuará em todas as esferas.

O Outro Lado

Em conversa com o Procurador Geral do município, Eliaquim Sousa Nunes, nos foi repassado uma nota, que colocamos na íntegra:

A assessoria de comunicação informa que o prefeito recebeu representes de diversas categorias dos servidores na tarde da última Segunda-feira (14) e ouviu atentamente as reivindicações das categorias encabeçadas pelo Sindserm e Senatepi. Conforme dito nas palavras dos próprios servidores, foi um momento histórico em quase dez anos em que a categoria nunca havia sentado numa mesa de diálogo com o prefeito municipal.

O encontro marca o compromisso da gestão com o respeito e a valorização do servidor público

"em relação à fala do presidente na câmara, a assessoria recebe com surpresa, haja vista que a presença da vereadora na reunião não havia sido previamente comunicada ao gabinete, bem como, em momento algum, durante a reunião, a presença da vereadora foi reclamada por qualquer servidor.

A assessoria reforça o compromisso da gestão em manter o diálogo com os servidores públicos municipais sem precisar de intermediários que possam utilizar o momento com fins meramente políticos.

Por Walter Fontenele | Portalphb


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