Torcida Única: A Falência das Instituições de Segurança Pública de São Paulo
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📷Torcedores paulistas © Hely Maia |
Desde 2016, os clássicos do futebol paulista são disputados sob a regra da torcida única, medida que impede a presença de torcedores dos dois times no mesmo estádio. O argumento das autoridades é que essa decisão reduz os episódios de violência entre torcedores organizados e facilita o trabalho da polícia. No entanto, o que se percebe é uma confissão de falência das instituições de segurança, que se mostram incapazes de garantir a ordem em um evento esportivo.
Ao impedir a convivência entre torcedores rivais dentro do estádio, a torcida única apenas desloca o problema para outros espaços, como estações de metrô, terminais de ônibus e ruas adjacentes, além de não inibir a violência entre torcedores de uma mesma equipe, muito comum entre torcidas organizadas que, em muitos casos, são bandidos travestidos de torcedores.
A manutenção da torcida única também fere direitos fundamentais, como o direito ao lazer e à livre associação. Milhares de torcedores são impedidos de acompanhar seus clubes nos estádios simplesmente porque as autoridades não conseguem garantir a segurança necessária. Isso não ocorre em países europeus que enfrentaram problemas semelhantes e adotaram medidas mais inteligentes, como identificação biométrica, reconhecimento facial - já sendo implantado em alguns estados, como por exemplo, no vizinho estado do Ceará - controle de ingressos, punição exemplar para vândalos e campanhas de conscientização.
Apesar do discurso de que a torcida única diminui a violência, os números mostram que os confrontos continuam ocorrendo, apenas em outros locais. Desde a adoção da medida, inúmeras brigas entre torcedores foram registradas em rodovias, terminais de transporte e bares. A falta de planejamento da segurança pública apenas muda o local da violência, não a elimina.
Enquanto isso, clubes, jogadores e torcedores são prejudicados. O futebol sempre foi um espaço de paixão, convivência e rivalidade sadia, mas sem a presença das duas torcidas, perde-se parte da essência do esporte.
A solução para a violência no futebol passa por medidas sérias e planejadas, não por proibições arbitrárias. O verdadeiro torcedor merece voltar a viver a emoção dos clássicos com segurança e respeito. A torcida única é um atestado de incompetência do Estado, e chegou a hora de revogar essa política ineficaz.
Por Walter Fontenele | Portalphb
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