Modus Operandi: Da Pichação de Muros aos Ataques Cibernéticos - Pouca Coisa Mudou em Parnaíba
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📷Imagem Ilustrativa © Reprodução |
Na velha política parnaibana, os muros foram palcos de ofensas e difamações. Hoje, as redes sociais assumiram o papel, mantendo viva a prática de atacar adversários e manchar reputações, às vezes de forma irremediável.
Num passado não muito distante, Parnaíba, no litoral Norte do Piauí, viveu sob a influência das velhas “raposas felpudas” da política. O coronelismo deixou marcas profundas não apenas nas estruturas de poder, mas também na forma de se fazer política. Durante décadas, as oligarquias dominaram o cenário político, utilizando práticas que misturavam o poder econômico, o controle social e a intimidação dos adversários.
Uma das formas mais comuns e simbólicas de ataque político no auge da velha política parnaibana era o uso da pichação de muros. Espalhados pelos Bairros e avenidas da cidade, os muros se tornavam verdadeiros palanques de tinta e cal, onde insultos, acusações e até mesmo ameaças veladas eram escritas contra os opositores dos regimes oligárquicos.
Essas pichações não eram feitas ao acaso, eram encomendadas pelos próprios chefes políticos ou por seus cabos eleitorais, como parte de uma estratégia de difamação pública. Os ataques iam desde frases zombeteiras, tentando ridicularizar o adversário, até acusações graves de corrupção, traição e outras práticas que colocavam em xeque a honra e o caráter do oponente.
Na Parnaíba de outrora, era comum amanhecer e se deparar com os muros de casas e prédios históricos "batizados" com palavras de ordem e insultos políticos. Não havia redes sociais, e o muro da cidade era a "timeline" onde os donos do poder expunham suas narrativas e tentavam destruir a imagem pública dos adversários, levando a disputa política para o campo pessoal. Desde, então, Pouca coisa mudou.
Com o passar do tempo, essas práticas foram perdendo força, mas ainda hoje, quem conhece a história de Parnaíba se lembra das campanhas políticas marcadas pelas famosas "letras garrafais" nos muros, escritas à cal e carvão, onde se decidiam reputações e até rumos de eleições inteiras.
Hoje, com o avanço da tecnologia e o surgimento das redes sociais, a velha prática de pichar muros deu lugar a uma nova forma de ataque - tão covarde quanto - que é a difamação virtual. O muro da cidade foi substituído pelas telas dos smartphones e computadores, onde perfis falsos ou ligados a grupos políticos disseminam boatos, calúnias, memes e ataques à integridade e à idoneidade dos adversários.
Infelizmente, essas práticas não eram privilégios de apenas um grupo político; quase todos os que "abocanhavam" o poder acabavam retaliando os ataques sofridos quando estavam na oposição. É lamentável e desnecessário, pois essas ações vêm de grupos que não souberam lidar com as derrotas e, de forma alguma, reconhecem o mérito dos adversários ou aceitam a soberania do voto popular.
Se antes as frases pintadas à cal e carvão amanheciam nos muros da cidade, hoje elas surgem em postagens maliciosas, vídeos editados e Fake News espalhadas em grupos de WhatsApp e Facebook. A prática é a mesma: atingir a honra do oponente para desmoralizá-lo perante a população, numa tentativa desesperada de manter o poder ou garantir uma eleição. O cenário mudou, mas o jogo sujo da velha política, infelizmente, ainda resiste aos tempos.
Por Walter Fontenele | Portalphb
Com informações da obra "Coronelismo, Enxada e Voto" do Sociológo Victor Nunes Leal
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