Da Aliança ao Conflito: Francisco Emanuel e Gracinha Mão Santa vivem o ápice da crise política

Francisco Emanuel e Mão Santa
📷Emanuel e Mão Santa © Reprodução
🏠Parnaíba (PI)

Exonerações, vetos e embates familiares marcam o rompimento da união que levou Emanuel à prefeitura.

O desgaste da relação política entre a Deputada Estadual Gracinha Mão Santa e o Prefeito de Parnaíba, Francisco Emanuel Cunha de Brito, chegou ao ponto de não retorno. O anúncio oficial do rompimento deve acontecer na próxima segunda-feira (24), marcando o fim de uma aliança que, desde o início, caminhava sobre um campo minado. Como efeito imediato, Emanuel prepara uma exoneração em massa - a famosa “canetada” - e já teria comunicado a decisão ao senador Ciro Nogueira, liderança nacional do Progressistas.


Apesar do pouco tempo de união, nos bastidores, o racha era previsível. A relação sempre foi permeada por tensões, interesses divergentes e disputas familiares. O estopim final apenas confirmou o que muitos já esperavam: o "casamento" político era, na verdade, uma bomba-relógio prestes a explodir. Explodiu.

As desavenças começaram ainda nas nomeações do governo municipal. Gracinha impôs a participação da família Mão Santa na gestão, indicando a ex-primeira-dama Adalgisa Moraes Souza - sua mãe - para a Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania. O nome da mãe do prefeito, cotada para a Secretaria de Educação, teria sido vetado pela Deputada, gerando desconforto entre as famílias.

Outro ponto de atrito foi à situação da primeira-dama, Anália Priscilla Lima da Silva, que também almejava a Secretaria de Desenvolvimento Social. O espaço, no entanto, já tinha "dona", e Anália acabou remanejada para a direção da Escola Parnaibana de Administração Pública, num claro sinal de falta de autonomia de Francisco Emanuel, o dono legítimo do cargo.

Todavia, foi apenas durante o Carnaval que o desgaste entre Gracinha e Emanuel alcançou níveis insuportáveis. Um desentendimento entre o irmão de Francisco Emanuel e a filha de Gracinha, expôs o racha ao público. Para piorar, Dalva Serejo, assessora e braço direito da deputada, também teria causado constrangimento ao expulsar familiares do prefeito do palco principal das festividades.

Após o episódio, o prefeito passou a evitar a presença em eventos que contassem com a participação da deputada. Um exemplo claro do distanciamento foi registrado durante o mutirão de cirurgias de catarata, ação viabilizada por emendas da própria Gracinha. Francisco Emanuel só compareceu ao local após a saída da deputada, evidenciando o rompimento já em curso.

Além disso, surgiram relatos de que a deputada estaria isolando politicamente o prefeito, chegando a determinar que servidores da comunicação se afastassem da agenda diária de Francisco Emanuel, reforçando ainda mais o clima de ruptura entre os dois.

O "divórcio" político entre Gracinha Mão Santa e Francisco Emanuel promete gerar fortes repercussões no cenário político, a nível local e estadual. De olho na reeleição, a deputada já articula sua migração para o MDB, partido da base do governador Rafael Fonteles. O apoio de Gracinha à reeleição do petista é dado como certo. Por outro lado, o prefeito também sinaliza simpatia pela candidatura de Rafael, o que, ironicamente, pode ser o único ponto de convergência entre os dois neste momento.

No meio desse embate de egos e interesses, quem mais perde é a população. A cidade segue refém das disputas políticas, enquanto alguns serviços básicos permanecem precários. O sentimento é de que, mais uma vez, o jogo pelo poder fala mais alto do que o compromisso com o bem-estar coletivo.

Resta saber se, com a "caneta" na mão, Francisco Emanuel conseguirá finalmente governar, honrando a expressiva votação que recebeu - mesmo reconhecendo que boa parte desses votos veio do apoio da família Moraes Souza. Agora, mais do que nunca, chegou a hora de Emanuel mostrar que, apesar de jovem, é preparado para o cargo e livre dos vícios nojentos da velha política.

Por Walter Fontenele | Portalphb

Tecnologia do Blogger.