Clima de Velório: Desaprovação Recorde de Lula Afasta Centrão e Gera Crise Política no Governo
![]() |
📷Parlamentares do Centrão © Reprodução |
O "Centrão" é o termômetro de um Governo, quando eles ameaçam abandonar o barco é porque o Governo já derreteu.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um de seus momentos mais delicados desde o início do terceiro mandato, iniciado em 2023. A pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta-feira (26), revelou um cenário de desaprovação recorde, com o índice superando os 60% em pelo menos seis estados brasileiros, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Somada aos dados do Datafolha, publicados em 14 de fevereiro, que apontaram a aprovação de Lula despencando para 24% - a pior marca de seus três mandatos -, os números parecem ter gerado um efeito político inesperado: o esfriamento do interesse do Centrão por cargos no governo. Quem diria.
De acordo com o levantamento da Quaest, realizado entre 19 e 23 de fevereiro em oito estados que representam 62% do eleitorado nacional, a desaprovação ao trabalho de Lula atingiu níveis alarmantes. Em São Paulo, o índice chegou a 69%, enquanto no Rio de Janeiro e em Minas Gerais superou os 63%. Até mesmo em redutos historicamente petistas, como Bahia e Pernambuco, a reprovação ultrapassou a aprovação pela primeira vez, com 51% e 50%, respectivamente. Já o Datafolha, que entrevistou 2.007 brasileiros entre 10 e 11 de fevereiro, mostrou que apenas 24% consideram o governo "ótimo" ou "bom", enquanto 41% o classificam como "ruim" ou "péssimo" – uma piora significativa em relação aos 35% de aprovação registrados em Dezembro de 2024.
A crise de popularidade tem raízes na percepção negativa da economia, especialmente na alta dos preços dos alimentos, apontada por aliados e especialistas como o "calcanhar de Aquiles" de Lula. Segundo a consultoria Eurasia Group, a queda mais acentuada na aprovação ocorreu entre os brasileiros que ganham até dois salários mínimos, um grupo tradicionalmente fiel ao PT, onde o índice de "ótimo/bom" despencou de 49% para 29%. “Mais do que gerar esperança, o atual governo produz frustração na população”, afirmou Felipe Nunes, diretor da Quaest, em análise recente.
O impacto político dessa combinação de pesquisas é evidente. O Centrão, bloco de partidos conhecido por seu pragmatismo e apetite por cargos em troca de apoio, parece estar recalculando seus passos. Líderes do grupo, que em outros momentos pressionaram Lula por uma reforma ministerial acelerada, agora demonstram cautela. Parlamentares avaliam que, com a popularidade em baixa, o controle de pastas no governo pode trazer mais desgaste do que benefícios eleitorais. No popular: nenhum parlamentar quer embarcar num navio prestes a afundar.
Apesar do cenário adverso, o governo tenta reagir. Lula tem intensificado agendas públicas, como a recente viagem ao Norte, onde prometeu “desmascarar mentiras” disseminadas por fake news. No entanto, analistas políticos alertam que, sem uma recuperação econômica percebida no bolso do brasileiro, o discurso pode não ser suficiente para reverter à curva descendente.
Para o Planalto, o desafio imediato é claro: reconquistar a credibilidade junto aos grupos que o elegeram em 2022 e evitar que a debandada do Centrão comprometa ainda mais a governabilidade. Por ora, o “velório”, descrito pela Porta-Voz do Governo, Daniela Lima, reflete não apenas a perda de apoio popular, mas também o risco de isolamento político de um governo que, há pouco mais de dois anos, assumiu sob a promessa de unir o país.
Por Walter Fontenele | Portalphb com informações G1 e CNN Brasil
Deixe Seu Comentário