Água Rara, Contas em Dia: A Saga Continua com a Aegea
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📷Leilão da venda da Agespisa © Reprodução |
A venda da Companhia de Saneamento do Piauí (Agespisa) para a holding Aegea, finalizada em Outubro de 2024 por R$ 1 bilhão, representou um marco crucial para o futuro do abastecimento de água e esgoto no estado. Com um compromisso de investir R$ 8,6 bilhões ao longo de 35 anos, a Aegea assume o desafio ambicioso de universalizar o acesso à água tratada e ao saneamento básico nos 224 municípios piauienses, alcançando inclusive a zona rural de Teresina. Enquanto o governo enaltece a privatização como um avanço rumo à modernização, a realidade no norte do Piauí é de preocupação, o que faz com que vozes da população ecoem em forma de desabafo e de frustração, após anos de descaso e péssimos serviços prestados.
Na região norte do estado, os moradores enfrentam há décadas um duplo calvário: a precariedade no abastecimento de água e as constantes falhas no fornecimento de energia elétrica. Esses dois pilares essenciais, quando instáveis, sufocam o empreendedorismo e dificultam a vida cotidiana.
Não é raro deparar-se com reclamações diárias nas redes sociais sobre a falta de água potável nas torneiras de cidades como Parnaíba e Luís Correia. Ainda assim, as condições indignas impostas pela Agespisa parecem não sensibilizar os responsáveis, deixando a população à mercê de uma infraestrutura deficiente.
A seguir, e na íntegra, a carta de um empreendedor local que encapsula a angústia vivida por muitos. Seu relato é um retrato fiel da penúria enfrentada pela população da região norte do Piauí, onde a espera por melhorias já se tornou parte do dia a dia.
Para: Agespisa – Companhia de Saneamento do Piauí
Assunto: Um brinde (com água de garrafa) à eficiência no abastecimento.
Prezados,
Escrevo esta carta para expressar minha mais sincera admiração pelo serviço prestado pela AGESPISA em Parnaíba. Afinal, não é todo dia que temos a oportunidade de testemunhar uma empresa inovando ao contrário, transformando a simples tarefa de fornecer água em um verdadeiro teste de sobrevivência digno de reality show.
A constante falta d'água tem sido uma experiência única. Imagine o desafio de manter um negócio funcionando sem saber se hoje teremos o privilégio de ver água saindo das torneiras! Restaurantes, pousadas, moradores... todos nós aprendemos lições valiosas sobre racionamento, paciência e, claro, como fazer malabarismos com baldes e reservatórios improvisados.
Para o setor de turismo, a AGESPISA tem sido uma parceira... no susto. O turista que vem a Parnaíba esperando conforto e hospitalidade encontra, na verdade, um roteiro alternativo: "Sobrevivendo sem água no litoral do Piauí". Já imaginou que experiência inesquecível? O hóspede que planejou um banho relaxante após um dia de praia recebe, em troca, um convite para um banho de caneca. E quem precisa de água para cozinhar ou lavar roupas? Pequenos detalhes, claro.
A cereja do bolo é a conta de água. Ah, essa chega religiosamente em dia! É reconfortante saber que, mesmo sem água, podemos contar com a pontualidade impecável da cobrança. Fico me perguntando se a AGESPISA tem algum plano revolucionário para cobrar pelo ar que sai das torneiras. Se for esse o caso, por favor, avisem logo para que possamos nos preparar para mais essa inovação.
Dito isso, pergunto: há alguma previsão realista de melhoria no abastecimento ou devemos aceitar que a falta d'água virou atração fixa no "turismo de aventura" da região?
Aguardamos ansiosamente por uma resposta, de preferência mais rápida que o retorno da água.
Atenciosamente,
EMPRESÁRIOS DO LITORAL DO PIAUÍ
Por Walter Fontenele | Portalphb com informações do Facebook de Carlos Eduardo Marques
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