A Falta de Acompanhamento dos Eleitores e a Crise de Representatividade Parlamentar no Brasil
📷Urna eletrônica © Reprodução |
O Brasil enfrenta um desafio crucial no âmbito da política: a desconexão entre os eleitores e seus representantes parlamentares. Embora o voto seja obrigatório e milhões de brasileiros escolham seus candidatos a cada eleição, poucos se dedicam a acompanhar as ações e votações desses políticos após a posse. Essa lacuna entre o voto e o acompanhamento político contribui para a manutenção de uma representatividade falha e alimenta uma cultura de desconfiança em relação ao Legislativo.
Uma das questões mais alarmantes no sistema político brasileiro é o investimento massivo em campanhas eleitorais, muitas vezes financiadas por doadores privados ou recursos de origem questionável. Após eleitos, não são raros os casos de parlamentares que se distanciam de suas bases eleitorais e priorizam interesses próprios ou de grupos parceiros em vez de atender às demandas daqueles que os elegeram.
O problema não está apenas no comportamento dos políticos, mas também na falta de engajamento dos eleitores. Sem uma cultura de monitoramento ativo, parlamentares se sentem à vontade para votar em pautas contrárias aos interesses de seus eleitores, agindo frequentemente como meros negociadores de interesses financeiros e políticos e gerando bilhões em esquemas de corrupção, como por exemplo, o “Mensalão”.
Os votos de um vereador, deputado ou senador em projetos de lei e outras proposituras deveriam ser um reflexo da vontade de seus eleitores. Contudo, para que isso aconteça, é essencial que a população acompanhe as votações nos Legislativos, fiscalize as agendas parlamentares e cobre coerência entre as promessas de campanha e as decisões tomadas no exercício do mandato.
Atualmente, a tecnologia e as redes sociais oferecem ferramentas para esse acompanhamento. O Portal da Transparência e outros sites oficiais permitem verificar como cada parlamentar vota em temas de relevância municipal, estadual e nacional. Ainda assim, poucos brasileiros utilizam esses recursos, o que demonstra a necessidade de uma mudança cultural profunda.
Para que o Brasil avance em termos de representatividade e transparência, é fundamental incentivar o engajamento político da população. Isso passa por:
Educação política: incluir noções de cidadania e funcionamento do sistema político no currículo escolar, formando eleitores mais conscientes e engajados;
Acessibilidade à informação: divulgar de forma clara e didática as ações dos parlamentares, utilizando plataformas digitais e campanhas de comunicação;
Cobrança contínua: criar uma cultura de vigilância ativa, na qual eleitores acompanhem e cobrem os compromissos de seus representantes.
O Brasil só terá um sistema político mais justo e representativo no dia em que os eleitores passarem a fiscalizar ativamente seus parlamentares. Saber como cada parlamentar vota, se alinha aos interesses do governo ou da oposição, e identificar possíveis desvios de conduta são passos essenciais para construir uma democracia mais robusta e participativa.
Sem essa mudança cultural, o país continuará refém de uma política que, frequentemente, desrespeita a vontade popular em benefício de interesses particulares. O futuro do Brasil depende de cidadãos conscientes, informados e ativos na cobrança de seus direitos.
Por Walter Fontenele | Portalphb
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