O Naufrágio das Promessas: A Queda do Novo Capitão

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🏠Parnaíba (PI)

Os ventos da mudança sopravam há tempos nos corredores daquele navio. Comentava-se, quase em segredo, que o velho capitão já não tinha mais o comando firme sobre o navio que um dia liderou. "Ele está cansado, velho demais", diziam. Era hora de pular do navio deteriorado e embarcar em uma nova embarcação, uma que chegaria a um Porto recém-construído, comandada por um novo capitão, a mando do “grande Almirante”.

E assim, numa pressa desmedida, os fiéis tripulantes, que por anos juraram lealdade ao velho capitão, arrumaram suas trouxas e partiram. Nem um "até breve" foi sussurrado; o adeus foi silencioso, mas o abandono, evidente. A promessa de um futuro brilhante e de mares mais tranquilos com o novo capitão seduziu a todos. Mas o que eles não sabiam, ou não queriam enxergar, era que esse novo navio, tão falado, ainda estava longe do Porto, sem poder aportar, pois não havia calado suficiente no porto para suportar um navio de tamanha envergadura.

Dias viraram semanas, semanas se alongaram em meses, e os botes com promessas e palavras otimistas enviadas pelo novo capitão já não preenchiam as expectativas. A ansiedade começou a corroer os ânimos, e o murmúrio entre os tripulantes não tardou: "Será que fizemos a escolha certa?", perguntavam-se, arrependidos de ter abandonado o velho capitão, sem analisar bem todas as perspectivas. Enquanto isso, o velho capitão, agora com um novo imediato ao seu lado, seguia viagem, como se nem tivesse notado a debandada dos ex-tripulantes. Aquele que, outrora, parecia derrotado, havia contornado a situação, e o navio seguia firme em busca de novas conquistas.

Porém, o dia da mudança de comando se aproximava rapidamente e a embarcação que carregava o novo capitão ainda lutava contra o mar. A grande onda, antes temida, finalmente chegou. O novo navio, aquele que prometeu tanto, foi engolido pelas águas, e o capitão, outrora cheio de promessas, agora era apenas um náufrago moribundo perdido em sua arrogância; por outro lado, o “grande Almirante” percebeu que não havia mais salvação para aquela embarcação e resolveu apostar tudo em outras embarcações, que tinha a seu comando. Aquela estava irremediavelmente perdida.

Restou aos antigos tripulantes, perdidos e à deriva, lamentar. Não houve mais tempo para voltar atrás, nem para reconquistar o favor do velho capitão. Restou apenas o eco de gritos, acusações dirigidas aos seus assessores e de choros copiosos, pelo o que o destino reservou a todos.

E assim, a lição se desenhava clara: na pressa de abandonar o navio em tempos de turbulência, nem sempre o próximo porto oferece a segurança prometida. Às vezes, o que parecia uma escolha ousada se revela apenas uma queda tardia, e tudo o que resta é o sabor amargo do arrependimento, contudo, é uma sombra que segue cada um de perto, mas não oferece consolo. Os antigos tripulantes, agora desamparados, olhavam para o horizonte, onde o Porto, recém-construído, parecia uma miragem distante.

Por Walter Fontenele | Portalphb

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