Estudo das Ciências Sociais: O "Pensamento Selvagem" de Claude Lévi-Strauss

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Este é o primeiro de uma série de estudos das Ciências Sociais (Sociologia, Antropologia e Ciência Política) que elaboraremos ao longo do ano, tendo como objetivo principal explicar alguns conceitos-chaves que foram desenvolvidos por grandes clássicos teóricos, ao longo do tempo.

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Abrimos essa série com o pensamento Selvagem, de Lévi-Strauss, um dos grandes vultos da Antropologia, que trabalhou alguns anos na Universidade de São Paulo e realizou muitas pesquisas de campo com os nossos nativos.

Claude Lévi-Strauss foi um antropólogo e filósofo francês conhecido por sua contribuição à área da antropologia estruturalista. Em seu trabalho, ele explorou o conceito de Pensamento Selvagem, que foi uma importante noção desenvolvida por ele.


Segundo Lévi-Strauss, o pensamento selvagem é um sistema de pensamento lógico e coerente, diferente do pensamento científico ocidental, mas igualmente válido. Ele acreditava que as sociedades indígenas possuíam uma lógica interna em sua forma de organizar o mundo e compreender as relações entre elementos diversos. Em vez de ver essas culturas como primitivas ou irracionais, ele destacou a complexidade e a coerência de suas estruturas cognitivas. Para Lévi, o pensamento selvagem opera com base em pares de oposições binárias, conhecidos como "oposições elementares" ou "estruturas elementares do parentesco". Essas oposições podem ser encontradas em várias áreas do conhecimento, como mitologia, rituais, tabus, sistemas de parentesco e culinária. Por meio da análise dessas estruturas elementares, Lévi-Strauss buscou identificar os princípios subjacentes ao pensamento humano.

Além disso, Lévi-Strauss explorou a importância dos mitos e da estrutura narrativa na compreensão do pensamento selvagem. Ele sugeriu que os mitos são estruturas simbólicas que expressam as relações fundamentais dentro de uma cultura e fornecem uma lógica narrativa para a compreensão do mundo. Por meio da análise comparativa de mitos, ele encontrou semelhanças estruturais em diferentes culturas, indicando uma universalidade na forma como os seres humanos pensam e entendem suas experiências.

Uma das implicações do pensamento selvagem é a crítica à noção de progresso linear e evolução cultural. Lévi-Strauss argumenta que as sociedades consideradas "primitivas" não devem ser vistas como estágios inferiores no desenvolvimento humano, mas como sistemas complexos e sofisticados de conhecimento e organização social.

No entanto, é importante observar que o conceito de pensamento selvagem também foi criticado por algumas correntes da antropologia e da filosofia. Algumas críticas argumentam que o termo "selvagem" carrega uma conotação pejorativa e etnocêntrica, e que a abordagem de Lévi-Strauss pode simplificar ou generalizar demais a diversidade das culturas não ocidentais. Lévi-Strauss reconheceu posteriormente essas críticas e passou a usar o termo "pensamento não ocidental" em suas obras subsequentes.

Em suma, o conceito de pensamento selvagem de Lévi-Strauss busca desafiar noções hierárquicas e estereotipadas sobre as culturas não ocidentais, reconhecendo sua complexidade e contribuições intelectuais significativas. Ele destaca a importância de entender e apreciar a diversidade cultural e as diferentes formas de pensamento presentes em todo o mundo.

Para estudantes e entusiastas das Ciências Sociais, recomendamos o Livro de Claude Lévi-Strauss, o "Pensamento Selvagem", publicado originalmente em 1962.


Por Walter Fontenele (Licenciado Ciências Sociais, Uespi -2021) | Portalphb



 

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