A Corrupção segundo a Doutrina Espírita
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A corrupção continua no Brasil na sucessão dos governos, em todos os níveis de atividade, na área pública e privada; mas, na verdade, ela está na alma da Humanidade, excrescência do comportamento egoístico que caracteriza os habitantes deste planeta de provas e expiações. A preocupação exacerbada com o próprio bem-estar e, no caso, com os patrimônios materiais, inspira e sustenta a desonestidade.
A tendência não é mais forte em nosso país, apesar de termos esta impressão. A corrupção é universal. Ocorre que em países desenvolvidos é controlada e punida. A impunidade no Brasil, principalmente em relação aos que mais se comprometem com a corrupção, é assustadora.
O governo deve tomar algumas medidas: compete-lhe aprimorar os controles e instituir mecanismos que levem à punição exemplar dos infratores. Mas isso não basta, já que sempre haverá espertos capazes de burlar as leis. A educação orientada para a cidadania é o caminho mais acertado, estabelecendo controles a partir da consciência de que ser cidadão é, acima de tudo, respeitar as leis.
O Espiritismo, em relação à corrupção, possui duas frentes de ação, inspirando a honestidade.
Em primeiro lugar, também a educação, não a formal, mas a educação espiritual. Com a consciência de que somos Espíritos imortais em jornada de evolução na Terra, onde nos compete combater os impulsos egoísticos que favorecem a corrupção, somos decisivamente estimulados a respeitar as leis.
E a segunda frente é mostrar que todos responderemos por nossas ações quando retornarmos ao Mundo Espiritual, em observância plena à advertência de que a cada um será dado segundo suas obras. Quem está consciente dessa realidade será sempre o fiscal incorruptível de si mesmo.
Essa advertência está presente em todas as religiões, sem muita ressonância na alma dos fiéis. Porém o Espiritismo fala a partir de informações dos que lá vivem, mostrando de forma clara e incisiva as consequências do comportamento humano. O saber é sempre mais incisivo do que o imaginar.
O castigo da corrupção, na visão de Dante, em A Divina Comédia, seria que os adeptos da prevaricação e mau uso do dinheiro público vão parar numa vala de piche fervente, no inferno, atormentados por demônios perversos. Suas fantasias guardam algo da realidade espiritual. Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec reporta-se a Espíritos comprometidos com o erro, o vício, o crime, a desonestidade, enquanto encarnados. Inúmeros deles descrevem, em manifestações mediúnicas, seus tormentos morais, piche fervente em suas consciências, reunidos, por afinidade, em correspondência à natureza de seus crimes, em tenebrosos vales de sofrimento.
Portanto, a honestidade seria o passaporte para regiões mais amenas, mas não basta cumprir as leis dos homens. Sobretudo, é preciso ser honesto perante Deus, como explica o Espírito Joseph Brê, dirigindo-se à sua neta, na obra citada: Honesto aos olhos de Deus será aquele que, possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso dos seus semelhantes; aquele que, animado de um zelo sem limites, for ativo na vida; ativo no cumprimento dos deveres materiais, ensinando e exemplificando aos outros o amor ao trabalho; ativo nas boas ações, sem esquecer a condição de servo ao qual o senhor pedirá contas, um dia, do emprego do seu tempo; ativo finalmente na prática do amor a Deus e ao próximo.
Por Fernanda Coelho
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