Série Escravidão: O Cais do Valongo

Reprodução em óleo do Cais do Valongo
📷Reprodução em óleo do Cais do Valongo © Rugendas
🏠Parnaíba (PI)

Artigo de Walter Fontenele (Graduado Antropologia -UESPI).

Este é o sexto artigo da Série Escravidão. Recomendamos a leitura dos artigos anteriores:


RESUMO

O presente artigo buscou analisar as características que marcaram e transformaram a região do Cais do Valongo no mais movimentado porto de desembarque de escravizados vindos do Continente africano durante os três séculos e meio do período escravista e descrever o cemitério dos Pretos Novos, local de repouso para milhares de negros africanos, que morriam pouco tempo depois do desembarque ou nos primeiros anos de cativeiro no Brasil. Foi utilizada a metodologia de pesquisa exploratória, com caráter qualitativo, através de pesquisas históricas e bibliográficas de pesquisadores que estudam a dinâmica do tráfico negreiro há décadas. Conclui-se que o Cais do Valongo, além de se tornar o mais importante porto para desembarque de escravizados no Rio de Janeiro, transformou-se também em motivo de querelas da sociedade da época (elite branca), que reivindicava a mudança de local do Cais e também do Cemitério dos Pretos Novos, devido às condições sub-humanas dos negros africanos escravizados, o que contrastava com as condições da elite branca da época e com os muitos viajantes ilustres que visitavam o Rio de Janeiro.
Palavras-chave: Valongo, Pretos Novos, Tráfico.

ABSTRACT

This article seeks to analyze the characteristics that marked and transformed the Cais do Valongo region into the busiest landing port for enslaved people coming from the African continent during the three and a half centuries of the slave period, and to describe the Pretos Novos cemetery, a resting place for thousands of black Africans, who died shortly after landing or in the first years of captivity in Brazil. An exploratory research methodology was used, with a qualitative character, through historical and bibliographic research by researchers who have been studying the dynamics of the slave trade for decades. It is concluded that Cais do Valongo, in addition to becoming the most important port for disembarking enslaved people in Rio de Janeiro, also became a reason for quarrels in society at the time (white elite), which demanded a change of location for the Cais and also the Pretos Novos Cemetery, due to the sub-human conditions of the enslaved black Africans, which contrasted with the conditions of the white elite of the time and with the many illustrious travelers who visited Rio de Janeiro.
Keywords: Valongo, Pretos Novos, Trafficking.

1. INTRODUÇÃO

1o de Maio de 1823: vi hoje o Valongo. É o mercado de escravos do Rio de Janeiro. Quase todas as casas desta longuíssima rua são um depósito de negros cativos. Passando pelas suas portas à noite, vi na maior parte dela bancos colocados rente às paredes, nos quais filas de jovens criaturas estavam sentadas, com a cabeça raspada, os corpos macilentos, tendo na pele sinais de sarna recente. Em alguns lugares, as pobres criaturas jaziam sobre tapetes, evidentemente muito fracas para sentarem-se. (GOMES, 2022, p. 223).

O texto em epigrafe é um relato da viajante inglesa, Maria Graham, amiga da Imperatriz Leopoldina, primeira esposa de D. Pedro I.

Pouco de História

O período que compreendeu ao inicio das grandes navegações foi o ponto de partida para a diáspora africana no Novo Mundo, uma prática que perdurou até 13 de Maio de 1.888, quando foi abolida de forma oficial a escravidão no Brasil. Entre os séculos XVI e XIX, o tráfico negreiro entre a África e o Novo Mundo atingiu 4.9 milhões de pessoas, 47% do montante total de 12 milhões de escravizados, nos três séculos e meio do período escravista (GOMES, 2019). Toda essa gigantesca estrutura de escravização de pessoas redesenhou o mapa mundial, propiciou a criação de novas colônias, fez surgir novas rotas de navegação, ampliou o leque de produtos comercializáveis entre a América, Europa, África e Ásia e ajudou a povoar as colônias portuguesas.

A primeira investida da Coroa portuguesa para a promoção do tráfico negreiro teve inicio pouco tempo depois da chegada da esquadra de Cabral a Pindorama (primeiro dos sete nomes do Brasil e que significa “Terra das Palmeiras”, na língua Tupi), devido principalmente à dificuldade de escravização dos indígenas que, além de rebeldes e ferozes, não se adaptavam bem aos serviços da lavoura e da mineração. Outro ponto relevante e que desestabilizou a escravização dos indígenas foi à influência da Companhia de Jesus, que era contra a escravização, pois tinha planos para evangeliza-los, mesmo utilizando a mão-de-obra cativa dos indígenas, em favor próprio. O poder da Companhia de Jesus sobre a vida dos indígenas durou até 3 de Setembro de 1.758, data da tentativa de assassinato contra o Rei de Portugal, José I. Diante da gravidade dos fatos, Sebastião José de Carvalho e Melo (“Superministro” de Dom José I e que entraria para a história como Marquês de Pombal) aproveitou-se do ocorrido para diminuir o poder da nobreza e expulsar os Jesuítas de Portugal e do Brasil, com a alegação que a Companhia de Jesus era amiga dos conspiradores.

O tráfico transatlântico foi uma empresa comercial que enriqueceu centenas de milhares de pessoas dos dois lados do Atlântico. Apesar das grandes despesas das empreitadas (manutenção do navio, mantimentos, impostos, taxas para a Igreja, salários da tripulação...) o lucro financeiro era quase sempre garantido, devido, principalmente, ao baixo preço de um escravo, no Continente africano. A época, um escravo era uma “mercadoria” tão desvalorizada e barata que qualquer pessoa podia ser dona de escravos, do Rei às pessoas mais simples: trabalhadores, prostitutas, donas de casa (SAUNDERS, 1982).

O tráfico negreiro entre o Continente africano e o Novo Mundo foi intenso, durante aproximadamente 350 anos. Nesse período, centenas de milhares de navios negreiros zarpavam da África com destino ao Continente americano abarrotados de pessoas escravizadas, que seriam comercializadas nos principais portos de desembarque do Brasil: Salvador, Rio de Janeiro e Recife. No Rio de Janeiro, o Cais do Valongo foi o maior e mais movimentado porto de desembarque e comercialização de escravizados até meados de 1.831. É o que veremos detalhadamente no capítulo II.

Com o intuito de analisarmos a movimentação, à vida e a morte no antigo Cais do Valongo, na cidade do Rio de Janeiro, utilizamos a metodologia de pesquisa exploratória com caráter qualitativo, com o uso de fontes secundárias, leituras de documentos e bibliografias históricas, além de teses de mestrado e doutorado, livros e periódicos. Assim sendo, a pesquisa terá como base obras de historiadores brasileiros e estrangeiros que já pesquisam o tema há várias décadas, como por exemplo, Laurentino Gomes, David Eltis, entre outros. O escopo da pesquisa é o século XVI e o século XIX, período que correspondeu ao ápice da escravização de pessoas, do Continente africano para o Novo Mundo.

O presente artigo é dividido em três capítulos: No primeiro é realizado um pequeno histórico sobre o fenômeno da escravidão e a metodologia utilizada na pesquisa; no segundo, dissertaremos sobre a vida dos negros africanos ao desembarcarem no Cais do Valongo e a forma como eram sepultados no Cemitério dos “Pretos Novos”; no terceiro e último, são apresentadas às considerações finais do trabalho.

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2. VIDA E MORTE NO VALONGO

O Cais do Valongo ficava localizado entre os atuais Bairros da Gamboa, da Saúde e do Santo Cristo, na cidade do Rio de Janeiro, sendo um dos mais movimentados local de desembarque de negros africanos, durante o período escravista (GOMES, 2022). No entorno do Valongo existiam várias edificações, incluindo os barracões que eram conhecidos como “casas de engordas”, um local destinado a engordar e tratar das feridas dos escravizados. Além disso, o Valongo tinha locais apropriados para o aprendizado dos rudimentos da língua portuguesa e algumas orientações acerca do trabalho que os escravizados iriam desempenhar (TEIXEIRA, 2015, p. 9). Tudo isso tinha um único objetivo, a valorização da “mercadoria” e bons preços na hora da comercialização. Estima-se que entre “1.775 e 1.830 cerca de 500 a 900 mil africanos escravizados” (IPHAN, 2018, p.4) adentraram ao Brasil pelo Cais do Valongo.

Após a chegada da comitiva da família real portuguesa ao Brasil, em 22 de Janeiro de 1.808, a população do Rio de Janeiro triplicou de tamanho, o que fez aumentar a procura por escravos. Nesse período, desembarcavam (em condições precárias de saúde, fracos e desnutridos) por ano, em média, “entre 18 mil a 45 mil homens, mulheres e crianças escravizadas” (GOMES, 2022, p.209).

O desembarque, a exposição e os leilões de escravizados africanos na região central escandalizavam a sociedade e as muitas pessoas ilustres que visitavam o Rio de Janeiro, numa época em que a cidade era o centro do Pode do Estado e da nobreza europeia, sendo, portanto, necessário afastar as “visões macabras” dos olhares da sociedade vigente. “Apesar da banalidade do comércio de gente no Brasil colonial, a concentração de milhares de africanos nus, esquálidos e doentes em pleno coração da cidade era motivo de desconforto para os moradores e visitantes” (GOMES, 2022, p. 224).

A presença de negros africanos no centro do Poder em condições sub-humanas, alguns mais mortos do que vivos, gerava revolta e “desconforto” (GOMES, 2022) para a elite branca, o que fez com que o Vice-rei, Luís de Almeida Soares Portugal de Alarcão (Marquês de Lavradio), apresentasse, em 1.774, a Luís de Vasconcelos e Souza, que seria o seu sucessor, um relatório contendo várias demandas, dentre elas, a transferência do mercado de escravos do centro do Rio de Janeiro (atual Praça XV) para uma região suburbana da cidade, o Valongo, o que só aconteceu de verdade em 1.779. Em seu relatório enviado a Coroa Portuguesa, Marquês de Lavradio explicou sua solicitação:

Havia... nesta cidade, o terrível costume de tão logo os negros desembarcarem no porto vindos da costa africana, entrar na cidade através das principais vias públicas, não apenas carregados de inúmeras doenças, mas nus [...] e fazem tudo que a natureza sugeria no meio da rua [...] (PEREIRA, 2007, p. 72).

Com a decisão do Marquês, os escravos deveriam ser desembarcados primeiramente na alfândega e depois deveriam seguir de botes até o Valongo, que era um local “separado de todo contato, e que as muitas lojas e armazéns deveriam ser utilizados para aloja-los” (PEREIRA, 2007).

É importante ressaltar que o Valongo não foi só um porto negreiro, sendo também um local onde os recém-chegados se recuperavam fisicamente das longas viagens transatlânticas, antes da comercialização nos leilões. Além do local de desembarque, existia no Valongo: um Hospital, (denominado de Lazarento), casas de engorda (locais destinados a engordar os escravizados, visando valorização de preços), armazéns (destinados a comercialização) e o cemitério dos Pretos Novos (valas comuns em que os corpos dos mortos eram jogados e queimados) (ROSA, 2022). O Complexo do Valongo contava, em 1.887, com 34 estabelecimentos destinados a transações comerciais, envolvendo o tráfico de gente e a comercialização de equipamentos e instrumentos escravistas (GOMES, 2022, p. 215). Para Lopez e Santos (2019), a zona portuária, historicamente, era associada à presença negra, sendo, ao mesmo tempo, indesejada. Portanto, não é de admirar que a Coroa Portuguesa tivesse o interesse de desassociar essa área importante para a economia da época da escravidão, da presença de negros africanos em situação de lamuria. De acordo ainda com as autoras:

Por tantas “razões”, o Cais do Valongo foi transformado em Cais da Imperatriz e, alia-se ao fato de já existir um cais na região sem utilidade, ao passo que sua função foi extinta em 1831, facilitou a construção de um novo ancoradouro. Foi em decorrência de seu legado histórico que a região se tornou alvo das obras de embelezamento na gestão de Pereira Passos (1902 – 1906), estendendo os ideários de beleza europeus até à região, com a transformação do Cais da Imperatriz em praça pública, e com a construção dos Jardins Suspensos do Valongo (LOPEZ E SANTOS, 2019, p. 36).

Com o passar do tempo, o Cais do Valongo foi passando por transformações. Numa dessas, em 1.843, o Cais foi reformado para a chegada de Teresa Cristina Maria de Bourbon, Princesa das Duas Sicílias (Atual Sul da Itália), filha de Don Francesco I e noiva de D. Pedro II. Depois dessa reforma, passou a se chamar Cais da Imperatriz.

Com o fim do comércio no Valongo (1.831) e por seu legado histórico, a região do Cais passou por obras entre os anos de 1.902 e 1.906, no Governo de Pereira Passos. O Cais da Imperatriz foi transformado numa praça pública, sendo ainda construídos os Jardins Suspensos do Valongo. Segundo Lopez e Santos (2019),

Ainda com o passar dos anos, a retórica do poder público sobre a área do porto não se alterou e, a atmosfera de remoções, demolições e desapropriações aliada à carência de políticas abrangentes para o setor habitacional, encontra na atualidade (Século XXI), campo fecundo ao discurso acerca da necessidade de revitalização, retratando a região como lócus de crime e mazelas sociais. Portanto, urgente por um processo de requalificação territorial (LOPEZ E SANTOS, 2019, p. 36).

Em 1º de Março do ano de 2.017 o Cais do Valongo foi considerado Patrimônio da Humanidade e transformado num sitio arqueológico, tornando possível a preservação da memoria e de milhares de objetos encontrados, que remontam a história do período escravista. Diante das pesquisas arqueológicas, será possível ressignificar as muitas narrativas do sofrimento de milhares de negros escravizados que viveram, morreram e foram lançados em covas rasas, no Cemitério dos Pretos Novos.

Apesar da tentativa de “silenciar as referências escritas e apagar as suas bases materiais” (IPHAN, 2018) a memória do desembarque de milhares de negros escravizados no Cais do Valongo continuará viva na consciência dos descendentes do tráfico negreiro. Os muitos achados arqueológicos são as provas materiais que irão reproduzir para as próximas gerações um pouco da dor e dos sofrimentos de homens, mulheres e crianças que foram arrancados de suas terras para a servidão no Novo Mundo.

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Cemitério dos Pretos Novos

A região do Valongo era um complexo destinado a receber e abastecer o Rio de Janeiro e outras regiões do Brasil colônia, com novos negros africanos escravizados. “Milhares deles, no entanto, não conseguiam sobreviver a essa experiência tão traumática. Morriam antes de encontrar o novo dono” (GOMES, 2022, p. 209). Segundo o historiador Joseph Miller (1997), cerca de 15% dos “pretos novos” encontravam a morte após os primeiros três anos, de chegada ao seu novo cativeiro. Depois de mortos, os corpos eram jogados em valas rasas, queimados e cobertos com “cal para evitar a propagação de mau cheiro e doenças” (GOMES, 2022, p. 213). Devido à falta de cuidado na hora do sepultamento era comum, em decorrência das chuvas, partes dos corpos ficarem à mostra. O viajante G. F. Frereyss (1814) teceu seu comentário acerca do local: “no meio deste espaço (de 50 braças) havia um monte de terra da qual, aqui e acolá, saíam restos de cadáveres descobertos pela chuva que tinha carregado a terra e ainda havia muitos cadáveres no chão que não tinham sido ainda enterrados” (PEREIRA, 2007, p. 81).

No Rio de Janeiro daquela época o negro africano não era considerado um ser humano, era tão somente uma “mercadoria”, uma “coisa”, portanto, não tinha direito a um sepultamento digno. “Só os brancos tinham o privilégio de serem sepultados em espaços considerados sagrados, como as igrejas, perto de Deus e do paraíso celeste, segundo se acreditava” (GOMES, 2022, p. 213).

A região do Valongo - incluindo seus barracões, hospital, armazéns e o Cemitério dos Pretos Novos - marcou, de forma trágica, a história do Rio de Janeiro e do Brasil. Os negros escravizados que conseguiam sobreviver às muitas semanas de travessia do Atlântico eram comercializados e recebiam o “passaporte” para o seu novo destino. Os que não sobreviviam eram largados numa cova rasa, o mais longe possível dos olhos sensíveis da sociedade da época.

O Cemitério dos Pretos Novos tinha o tamanho aproximado de “50 braças”, sendo alimentado com frequência em decorrência do tráfico negreiro, na cidade do Rio de Janeiro. As reclamações da sociedade branca da época com relação aos corpos insepultos, ao mau cheiro e a proliferação de doenças eram constantes, mas, apesar disso, o Cemitério funcionou até 1.830, tendo sido sepultados - entre 1.824 e 1.830 - aproximadamente 6.119 escravos, “o que daria um número de 1.019 sepultamentos por ano. Um número incrível se levarmos em conta que o cemitério dos Pretos Novos deveria ter mais ou menos o tamanho de um campo de futebol” (PEREIRA, 2007, p. 87).

Por fim, no dia 4 de Março de 1.830 o Cemitério dos Pretos Novos recebeu seu último sepultamento, para alegria dos moradores do entorno do Valongo. “Um escravo novo do qual não sabemos nem nome nem origem, muito menos o navio que o transportou, foi lançado à flor da terra da mesma sorte que todos os seus antecessores” (PEREIRA, 2007, p. 96).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Cais do Valongo recebeu de 500 a 900 mil negros escravizados vindos do Continente africano, entre 1.775 e 1.830. Durante esse período, o Cais do Valongo foi à última visão para milhares de escravizados que morreram poucos dias depois de desembarcar dos navios negreiros, na região central da cidade do Rio de Janeiro. Centenas de milhares de outros escravizados morreriam nos primeiro três anos de cativeiro no Novo Mundo.

O Valongo era muito mais do que um simples Cais para desembarque de negros escravizados, sendo considerado por Gomes (2022) como um Complexo, um local que, além do ancoradouro, tinha várias edificações destinadas exclusivamente ao comércio de gente. O Lazarento (hospital para curar as feridas dos escravizados, visando melhores preços na comercialização); Casas de Engordas (local de engorda dos negros africanos), armazéns (estabelecimentos que viviam do tráfico, comercializando escravizados e vários instrumentos e ferramentas para ser usadas no aprisionamento e tortura nos cativeiros) e o Cemitério dos Pretos Novos (o local do repouso final para milhares de negros que morreram, nessa empreitada escravista).

O desembarque de negros escravizados em condições sub-humanas e seminus no coração do Rio de Janeiro era demais para os olhos sensíveis da sociedade colonial da época. Assim sendo, em 1.774, o Marquês de Lavradio repassou para o seu substituto, D. Luís de Sousa Vasconcelos (1.779 - 1.790), a responsabilidade de transferir o Cais do Valongo - que funcionava na atual Praça XV de Novembro - para uma região afastada do convívio da elite branca, o que aconteceu somente em 1.799.

Em 2.017, toda a região do Valongo foi considerada Patrimônio da Humanidade e se transformou num sitio arqueológico, local reservado para pesquisas que irão remontar o passado nebuloso do Valongo. “Os ossos falam” Gomes (2022) e, pouco a pouco, as memórias do tráfico estão sendo ressignificadas para que todos saibam que naquela região predominou por décadas o sofrimento de seres humanos, transformados em servos da ganância e da falta de humanidade.

BIBLIOGRÁFIA

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Rodas dos saberes do Cais do Valongo/ Carlo Alexandre Teixeira (org). Délcio Teobaldo (edição). Niterói, RJ: Kabula Artes e Projetos, 2015.

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SAUNDERS, A. C. de C. M. A Social History of Black Slaves And Freedmen in Portugal, 1441-1555. Nova York: Cambridge University Press, 1982

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