Advogado de defesa afirma que João Paulo e primo cometeram duplo homicídio
📷Jovens assassinados. Reprodução |
Na manhã desta sexta-feira (04) o programa Bom Dia Meio Norte conversou de forma exclusiva com o Dr. Lúcio Tadeu, advogado de defesa da família dos acusados de cometerem o crime contra os adolescentes Luian Ribeiro de Oliveira, de 16 anos e Anael Natan Colins, de 17 anos, mortos em novembro de 2021.
De acordo com o advogado, a família do empresário João Paulo de Carvalho Gonçalves Rodrigues, de 35 anos, se reuniu no dia de ontem e decidiu confessar quem realizou o duplo homicídio naquela noite. Lúcio Tadeu informou, a pedido da família, que João Paulo de Carvalho e Guilherme de Carvalho Gonçalves, seu primo, foram os autores dos crimes.
“Primeiramente é necessário que a gente faça o relato do histórico dessa família. Diferentemente do que algumas pessoas falaram na mídia a respeito do João Paulo, o João Paulo é um jovem que vive para o trabalho, ele tem como hobby a vaquejada, mas é um jovem que levanta de madrugada para cuidar do seu comércio, tão qual o Guilherme, e o Dr. Francisco dispensa comentários, é um cidadão de 70 anos, advogado, já prestou relevantes serviços ao governo”, declarou.
O QUE OCORREU NA NOITE DO CRIME
O advogado relatou com detalhes tudo que ocorreu naquela noite. “O Dr. Francisco mora às margens da BR, onde tem uma casa de shows do lado e por várias vezes ele já teve o seu terreno invadido por pessoas que estão ali pelo show, ou se aproveitam da movimentação para invadir a propriedade dele e atacá-lo. Naquela madrugada ele estava com a esposa e o filho dele, o Guilherme, estudando, quando os cachorros começaram a latir e ele saiu para ver o que estava acontecendo, se deparando com os dois jovens. Ele disse ‘parou’, perguntou o que eles queriam e travou-se uma luta corporal entre os jovens e o Dr. Francisco, nisso o Guilherme foi em socorro do pai. Então ligaram para o João Paulo que não estava lá na hora, e para o Amauri (cunhado do João Paulo). O Amauri preocupado com a tia correu para dentro da casa para socorrê-la, ela estava muito nervosa e o João Paulo foi a encontro do tio, chegando lá os dois rapazes já estavam imobilizados, levaram os dois até a caminhonete, passaram um cordão na mão dos dois e ali o Dr. Francisco entregou os rapazes para o João Paulo e para o Guilherme, saíram dali certos de que iriam levá-los para a Central de Flagrantes”, disse.
POLÍCIA FOI ACIONADA
“Antes deles saírem com os rapazes eles tentaram ligar para a polícia, o João Paulo ligou para uma viatura porque no restaurante dele várias vezes já foram registradas ocorrências e ele tinha o contato. Inclusive ele teve uma conversa com um policial que disse que não poderia atender porque teria que ser via Copom, porque o Copom já tinha determinado que aquela viatura fosse atender outras duas ocorrências, ligou várias vezes para o Copom e não conseguiu”.
AMEAÇA DOS ADOLESCENTES
“Segundo relatos da família, depois da luta corporal com o Dr. Francisco, a todo momento os adolescentes ameaçavam dizendo que tinham parentes na polícia e que iam voltar com a turma deles, que isso não ia ficar assim, era uma série de ameaças. Quando foram levados para a caminhonete as ameaças continuaram”.
MOMENTO DO CRIME
“Os adolescentes foram colocados na carroceria da caminhonete, debaixo da lona. Saíram do local João Paulo e Guilherme, João Paulo dirigindo o veículo e o Guilherme do lado. Em um dado momento o Guilherme muito nervoso, abatido, vendo a mãe desesperada, o pai com medo dos jovens voltarem, sugeriu que fosse feito o homicídio. No final das contas, a decisão dos homicídios foi uma decisão dos dois. Eles foram para o local e fizeram o homicídio. Os detalhes que ocorreram no local eles já estão a disposição para dar essa versão ao delegado do inquérito. Eles deixaram os corpos, mas logo em seguida retornaram para o local, eles voltaram porque bateu o desespero e eles queriam esperar para ver se os rapazes estavam vivos, com a decisão de de repente prestar socorro. O arrependimento bateu logo em seguida. Mas eles estavam mortos então eles voltaram para casa, João Paulo deixou o Guilherme, foi para a casa dele com a notícia de que os jovens foram entregues na Central de Flagrantes”.
PARTICIPAÇÃO DO CUNHADO
“O Amauri em momento algum teve contato com esses meninos, sequer se aproximou, ficou o tempo todo dentro da casa com a esposa e com a tia, esposa do Dr. Francisco. Cerca de 20 a 30 minutos depois que o João Paulo e o Guilherme saíram com os adolescentes o Amauri ligou para eles, perguntou onde eles estavam e eles disseram que estavam retornando, mas não disseram para onde foram. Então depois disso o Amauri foi para sua casa”.
CONFISSÃO DO DR. FRANCISCO - TIO DE JOÃO PAULO
“Quando os corpos foram encontrados houve uma reunião e eles relataram para a família tudo que aconteceu. Quando ocorreu a prisão temporária do João Paulo, o Dr. Francisco - que nunca mais foi a mesma pessoa - ele se sente culpado de ter chamado o sobrinho que também é afilhado dele para uma situação daquela de prestar socorro, acha que de certa forma ele foi responsável pela presença do João Paulo, disse que não poderia deixar o filho e o sobrinho em uma situação dessa, ai foi quando ele deu o depoimento assumindo o delito”.
CONFISSÃO
“Parece muito estranho em um escritório de advocacia fazer um relato onde os autores de um homicídio como esse reconhecem a culpa, mas eu quero dizer que essa foi uma decisão da família, a família conversou e os rapazes muito abatidos disseram que não podiam envolver todo mundo nisso, principalmente quem não tem participação alguma nesse delito. Tem sido muito difícil. Para mim como advogado, é a segunda ou terceira vez que isso acontece no meu escritório, da confissão. Nesse caso a família mostrando a sua boa índole, a sua seriedade, resolveram tomar essa decisão”.
“Ontem nós anexamos algumas declarações que foram prestadas espontaneamente, nos procuraram e nos colocamos a disposição do delegado de polícia que deverá ouvi-los novamente e naturalmente vamos aguardar o desfecho do inquérito e a decisão judicial. Mas quero dizer que chega um momento que você perde o controle da situação, a decisão dos homicídios foi uma decisão tomada pelos dois, eles já estavam assustados sem saber o que fazer em razão da gravidade do fato. Homicídio é um crime que todo mundo está sujeito, infelizmente perderam o controle da situação, cometeram esse crime, é um fato muito grave e lamentável. Hoje eles podem até ser olhados como criminosos, mas até então não tinham passado de crime, não tinham nada que desabonasse a conduta dos dois”, finalizou o advogado.
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