O Largo da Guarita
📷Acervo Museu do Trem |
A Estrada de Ferro Central do
Piauí foi implantada em Parnaíba no ano de 1916 com o trecho entre o Portinho e
o Cacimbão e desativada em 1974. Nesse meio tempo, muitas edificações
(estações, currais, depósitos, guaritas...) foram construídas para atender o
grande fluxo de passageiros, cargas, animais, etc. Com a chegada do transporte
rodoviário e com a melhoria da malha viária, o transporte ferroviário foi
perdendo espaço, até ser desativado, em grande parte do Estado do Piauí.
Muitas dessas edificações foram
destruídas pela ação do homem, pelo desgaste natural ou pelas intempéries da
Natureza; algumas conseguiram sobreviver ao tempo graças a algumas prefeituras
que, além de conservar, transformaram-nas em museus, como é o caso da Estação
Ferroviária da cidade de Parnaíba, que hoje abriga o Museu do Trem.
Uma dessas edificações destruída
pelo homem era a antiga guarita, construída para ser usada como depósito e servir
de abrigo para o ferroviário, que tinha a função de cuidar da chave seletora usada
para desviar o fluxo para a cidade de Cocal ou para a localidade do Igaraçu.
Segundo o escritor Antônio Rodrigues Ribeiro,
A guarita,
para os que não conheceram, era um prédio pequeno e com característica que teve
fundamental participação no desenvolvimento da área em que se localizava.
Edificada na década de vinte, ela media cerca de quatro metros de frente por
quatro metros de fundo e tinha uma altura aproximada de oito metros. Era dotada
de um pavimento térreo, onde era guardado o equipamento para a manutenção da
linha de ferro e outro superior, que servia de abrigo para o operador da chave
seletora de desvio das estradas para Cocal ou para a localidade Igaraçu. O
operador zelava o prédio e ainda o curral de animais, de propriedade da Estrada
de Ferro central do Piauí. O prédio era pintado de amarelo com portas e janelas
verdes e ficava localizada à margem da linha férrea no trecho compreendido
entre as Ruas Caramuru, Anhanguera, Princesa Isabel e Três de maio. (RIBEIRO,
2003, p. 97).
Com o declínio do transporte
ferroviário essa antiga edificação foi desativada, passando a ser um “posto
avançado” da Policia que, às vezes, servia como uma cadeia improvisada para os
frequentadores mais exaltados dos muitos cabarés que se instalaram naquela região
da cidade de Parnaíba. Segundo (RIBEIRO, 2003),
[...] Em
torno da guarita surgiram casas de atendimento aos habitantes daquele lugar,
formando o complexo comercial onde se localizava vários cortiços, os populares
cabarés, com destaque para o “Cabeleira” e a afamada “Figueira” que faziam
atendimento noturno e eram palcos de muitas complicações passionais e até
criminosas. (RIBEIRO, 2003, p. 97).
A região da guarita, hoje Bairro
São Francisco, era famosa por seus cabarés, com destaque para o cabaré da “Figueira”,
“Cabeleira” e o famoso cabaré “Beleza da Rosa”. Além dos cabarés “foram
construídos o Cine Guarita, o Mercado, o Posto Shell, com seu característico
formato de “ferro de gomar”, o Cruzeiro e a sede da Amplificadora São Francisco”.
(RIBEIRO, 2003, p. 98, GRIFO NOSSO).
Com relação à Amplificadora São Francisco, o escritor Antônio Rodrigues Ribeiro recorda que era uma prática comum entre os enamorados dedicarem “páginas musicais” e que esses enamorados eram proibidos de aparecerem em público e, por isso, escondia-se atrás de pseudóginos criativos e dedicatórias apaixonadas. (RIBEIRO, 2003).
Essa antiga edificação - apesar
de ser pequena em seu espaço físico - marcou uma época de progresso e de
desenvolvimento da região. A sua importância, como parte integrante da Estrada
de Ferro do Piauí, deixou marcas profundas na lembrança das pessoas que
trabalharam na Estrada de Ferro e das pessoas que usufruíam dos seus serviços. A
importância da antiga edificação para Parnaíba foi tanta que não é raro
encontrar pessoas que ainda hoje chamam a região de Guarita, sendo que hoje,
oficialmente, é o Bairro São Francisco.
O prédio da antiga guarita ficava localizado no trecho compreendido pelas Ruas Caramuru, Anhanguera, Princesa Isabel e Três de maio.
Por Walter Fontenele | Portalphb
com informações de: RIBEIRO, Antônio Rodrigues. Parnaíba, Presente do Passado.
Parnaíba: Gráfica Ferraz, 2003.
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