O Brasil e a "guerra de hastags"
📷Foto de Reprodução |
O Brasil se transformou num campo minado e uma guerra se desencadeou nas Redes Sociais, tendo como munição as hastags, uma ferramenta que se transformou na sensação dos dias atuais.
Essa guerra de hastags transformou amigos e parentes em rivais a serem vencidos. #forabolsonaro, #Lulaladrão, #elesim são apenas algumas das muitas hastags que circulam pelas Redes Sociais, principalmente no Twitter, sendo que o compartilhamento e a viralização é uma Lei que deve ser seguida por todos os adeptos ideológicos da Direita e da Esquerda a exaustão.
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Todavia, essa guerra de hastags não se limita ao atual cenário político brasileiro. As ofensas indiscriminadas atingem praticamente todos os segmentos da sociedade. Uma prova disso são as várias hastags que foram criadas para o atual momento que vive o futebol brasileiro. #foratite, #foracaboclo e #Foraseleção são as coqueluches do momento. Assim como a Seleção, treinadores e cartolas de clubes também sofrem e são vitimas dessa guerra descabida.
Assim sendo, é importante analisarmos até que ponto subir uma hastag é sinal de obter êxito nas nossas reivindicações. Tanto na política quanto no futebol a opinião pública tem muito pouco poder de mudança real do atual cenário em que vive a Sociedade. Na política, a vontade de mudar o país estar ao alcance dos dedos, e não nas hastags, mas na hora de votar uma grande parcela da sociedade prefere vender seu voto, ou pouca importância é atribuída a esse momento cívico, infelizmente.
É importante retornarmos ao Impeachment de Collor, pois esse fato político marcante ocorrido em 1992 ainda é usado como argumento para provar que o povo, através de hastags, tem poder de mudar o destino de uma Nação. Em 1992, não tínhamos essa massiva veiculação de material na Internet, a própria internet (implantada no Brasil em algumas Universidades, em 1981) ainda era apenas um protótipo promissor de mudança nas relações sociais da sociedade. Os “caras-pintadas”, como ficaram conhecidos os jovens que pintaram seus corpos e o Brasil de preto, foram as Ruas pedir o impeachment de Fernando Collor de Mello, que cometeu crime de responsabilidade e desvio de erário público, mas que em relação aos atuais políticos e alvos de hastags pode ser considerado apenas um trombadinha, um aprendiz.
Por mais que possa ser motivador falar que os jovens estudantes da UNE iniciaram o Impeachment de Collor, tendo Lindbergh Farias como seu líder, é ingenuidade acreditar que Collor foi deposto por conta da vontade popular. Vale lembrar que Collor foi uma marionete criada e destruída pela Rede Globo. Todo o script de criação do “caçador de Marajás” foi arquitetado nos bastidores políticos da Rede Globo, presidida por Roberto Marinho.
Na verdade, o Impeachment de Fernando Collor foi iniciado por um escândalo de corrupção, que não foi nem de longe próximo dos escândalos de corrupção desbaratados pela Operação Lava-Jato; a situação econômica do Brasil era critica e piorou muito por muitas medidas impopulares, como por exemplo, o confisco da poupança; a abertura de mercado promovida por Collor para o setor automobilístico e a sua celebre frase que “os carros brasileiros são carroças” foi o estopim para que grandes empresários do setor exigissem sua cabeça. Além disso, Collor subiu ao Poder sem sustentação política e os poucos partidos nanicos que ainda o apoiavam, pouco a pouco foram pulando do barco. Ninguém queria morrer, politicamente falando, junto com o Presidente.
Portanto, por mais desanimador que possa parecer se Collor tivesse “molhado as mãos” do Congresso e feito às vontades de parte dos grandes empresários do Brasil ele nunca teria sido deposto, mesmo com os jovens estudantes, comandados por partidos políticos da esquerda brasileira, indo as Ruas, pintando seus rostos ou subindo hastags, caso essa ferramenta existisse à época.
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