Dr. Jairinho e mãe de Henry Borel são presos pela morte do menino

A mãe estaria ciente dos frequentes crimes, mas escondia do pai do menino e do resto da família

O vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), padrasto do menino Henry Borel, morto há um mês, foi preso ao lado da mãe da criança, Monique Medeiros, por envolvimento direto no crime. Eles estavam na casa da mãe de Monique em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro. De acordo com as investigações, a criança de quatro anos foi morta com chutes, socos, pontapés e outros tipos de agressões cometidas pelo padrasto.

A mãe estaria ciente dos frequentes crimes, mas escondia do pai do menino e do resto da família. O casal foi levado ao 16ª Delegacia Policia, na Barra da Tijuca. Dr. Jairinho é acusado por duplo homicídio por motivo torpe. Henry Borel foi morto no apartamento em que morava com a mãe e o padrasto no dia 8 de março, também na Barra.

Para a polícia, o menino morreu em decorrência de agressões. Segundo os investigadores, Dr. Jairinho já tinha histórico de violência contra o menino. Segundo a investigação, o parlamentar se trancou no quarto para agredir a criança com chutes e pancadas na cabeça um mês antes do crime - a mãe soube das agressões, ainda de acordo com a polícia.

O casal também é suspeito de combinar versões e de ameaçar testemunhas para atrapalhar as investigações. A Polícia Civil ouviu ao menos 18 pessoas na investigação.

Após serem ouvidos na 16ª DP (Barra da Tijuca), Dr. Jairinho e Monique Medeiros seguirão para a Polinter, na Cidade da Polícia, zona norte do Rio, onde passarão por uma triagem, depois serão levados para o Instituto Médico Legal para realizarem corpo de delito. Depois disso, Dr. Jairinho será levado para um presídio masculino e Monique, para um feminino.

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A Polícia Civil do Rio irá conceder entrevista sobre o caso a partir das 11h na Cidade da Polícia, na zona norte carioca. A coletiva contará com as participações de Antenor Lopes (diretor de polícia da capital), Henrique Damasceno (delegado da 16ª DP, responsável pela investigação), Danilo Marques (diretor do Departamento-Geral de Polícia Técnico-Científica) e do promotor Marcos Kac.

Procurada, a defesa do engenheiro Leniel Borel, pai de Henry, se posicionou sobre a prisão. "O Leniel não tem condições de falar, está chorando bastante. Daqui a pouco, a gente vai se pronunciar", disse o advogado Leonardo Barreto.

Câmara irá pedir afastamento de vereador

Membro do conselho de ética da Câmara, a vereadora Teresa Bergher (Cidadania) vai pedir ainda hoje que o vereador Dr. Jairinho seja afastado do cargo. O assunto será discutido em reunião às 18h na sala das comissões da Câmara.

"[Ele] Precisa ser afastado imediatamente. Pela imagem da casa, pela credibilidade de cada um de nós vereadores e por respeito a esta criança vítima de um cruel assassinato e a toda a população que representamos", diz Teresa.

Jairinho tentou apressar atestado de óbito

Cerca de uma hora depois que Henry Borel chegou ao Hospital Barra D'Or, já sem vida, na madrugada de 8 de março, o vereador Dr. Jairinho (Solidariedade) enviou mensagens a um alto executivo da área da saúde pedindo que o atestado de óbito do enteado fosse agilizado. Isso afetaria o processo de análise pelo IML (Instituto Médico Legal).

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Em fevereiro, a colunista do UOL Juliana Piva mostrou que houve pressão do político para a liberação do corpo. Nas mensagens reveladas agora pela TV Globo, Jairinho escreveu: "Aconteceu uma tragédia". Ele diz que o enteado havia morrido e o atestado de óbito precisaria ser liberado. Ao final da chamada, o vereador enviou: "Agiliza ou eu agilizo o óbito. E a gente vira essa página hoje". O executivo então explica que, pelas circunstâncias da morte, isso não seria possível.

Casal não compareceu à reconstituição do crime

O casal, que não compareceu à reconstituição do crime feita na semana passada no apartamento de Dr. Jairinho, passou a ser tratado como investigado pela morte de Henry desde segunda-feira (5). A defesa alegou que ambos estavam abalados emocionalmente para justificar a ausência na reprodução simulada.

A Polícia Civil levou em consideração as versões apresentadas por Jairinho e Monique - de que o menino teria caído da cama. Os agentes analisaram algumas possíveis quedas sofridas por Henry: a partir da escrivaninha que fica ao lado da cama do casal, da poltrona, um salto da cama para o chão ou uma queda da própria altura.

O laudo de necropsia de Henry aponta que a criança sofreu "múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores", "infiltração hemorrágica" na parte frontal, lateral e posterior da cabeça, "grande quantidade de sangue no abdômen", "contusão no rim" e "trauma com contusão pulmonar".

Entenda o caso

Henry Borel, de 4 anos, havia passado o final de semana com o pai, o engenheiro Leniel Borel de Almeida. Por volta das 19h, ele deixou a criança no condomínio onde morava a mãe do menino, Monique Medeiros, que havia se mudado para viver com o novo namorado, o vereador Dr. Jairinho, com quem começou um relacionamento em outubro de 2020.

Câmeras de segurança registraram a chegada do garoto, sem nenhum problema de saúde aparente.

De acordo com as investigações, na madrugada do dia 8, Jairinho e Monique levaram o menino ao Hospital Barra D'Or, na Barra da Tijuca, onde relataram que a criança apresentava dificuldade respiratória. O casal então ligou para o pai do garoto para relatar o ocorrido.

Leniel foi, então, até a unidade de saúde e encontrou os médicos tentando reanimar a criança. Orientado pelos profissionais do hospital, o pai do menino abriu uma ocorrência na 16ª DP para entender o que aconteceu com o filho. A morte do menino ocorreu ainda no dia 8.

O laudo da necropsia de Henry indicou sinais de violência e a causa da morte foi hemorragia interna e laceração hepática causada por uma ação contundente.

Fonte: Uol.com
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