Bordadeira da Pedra do Sal
Peças bordadas - Artesol |
As mãos que criam, criam o quê?
O bordado começa com os desenhos, que em sua maioria representam a fauna e flora local. O bordado é presente na região há gerações, era feito pelas mulheres em suas casas para colorir e enfeitar o cotidiano. Como conta Norma Sueli, gestora do grupo, elas bordavam flores e quando decidiram transformar a tradição em fonte de renda, viram que os motivos tradicionais não tinham tanto apelo comercial. Foi quando decidiram inovar e criar desenhos que representassem a fauna e flora local. Hoje bordam de cactos a cajus, tartaruga de couro, peixe boi, camurupim, um peixe que está em extinção, e os guarás do delta que fazem o maior sucesso.
Quem cria os desenhos é a própria Norma, que tem como fonte de inspiração uma das mais belas e ricas paisagens do país, no povoado da Pedra do Sal, litoral do Delta do Parnaíba. "Saio fotografando, vendo as paisagens e vou montando os desenhos", conta.
Os bordados são feitos com linhas de algodão sobre tecido de algodão, mas bordam também sobre o trançado da palha de carnaúba, abundante na região. A palha também pode ser emprestada como linha para o bordado, criando efeitos e texturas espetaculares.
Os principais produtos são peças de roupa, como vestidos e batas, toalhas de mesa, guardanapos, caminhos de mesa, colchas de cama, acessórios como bolsas e colares e peças de decoração como quadros, almofadas e mobiles, com conchas, e bordados na palha da carnaúba.
Artesã Norma Sueli - Artesol |
Quem cria?
Norma Sueli foi presidente da Associação de Moradores e Pescadores de Pedra do Sal, de 2008 a 2016, e nesse período esteve à frente das atividades e necessidades da comunidade, entre elas o trabalho junto às bordadeiras. Entre 2012 e 2016, Norma articulou a criação de um grupo de 15 mulheres com o projeto de complementação da renda familiar, através do artesanato. Umas já faziam crochê, outras trançado de palha e quase todas sabiam o bordado aprendido com as mães. Decidiram assim pelo bordado, porém no início tiveram muitas dificuldades com as vendas.
Aos poucos perceberam a necessidade de inovar nos desenhos e começaram a bordar a fauna e flora local, o que acarretou maiores vendas e novas possibilidades. Além disso, passaram a ver o bordado também como forma de resistência, contra grandes empreendimentos que afetam os modos tradicionais da comunidade.
Em 2016, Norma saiu da Associação e criou a empresa "Bordadeira da Pedra do Sal" e segue trabalhando com 8 bordadeiras da comunidade. Em 2019 desenvolveram uma coleção chamada Emoção na Mão, em parceria com o designer Sergio Matos. O projeto integra os diferentes agentes envolvidos na Rota das Emoções, complexo turístico que envolve todo o Delta da Parnaíba.
Comercializam seus produtos nas lojas do Brasil Original do Sebrae e em feiras nacionais do setor do artesanato.
Onde criam?
O Delta do Parnaíba está localizado entre os estados do Maranhão e Piauí e desenha dunas, mangues e ilhas em um cenário paradisíaco. O Rio Parnaíba, com seus 1.485km de extensão, abre-se em cinco braços envolvendo 73 ilhas fluviais.
A 366 km da capital Teresina, Parnaíba é também conhecida como "Capital do Delta", pois é a entrada para quem quer conhecer o único Delta em mar aberto das Américas e a Rota das Emoções, complexo turístico que integra os estados do Maranhão, Piauí e Ceará.
A cidade localiza-se quase inteiramente à margem direita do rio Igaraçu, e parte na Ilha Grande de Santa Isabel, já no delta do rio Parnaíba. A única praia de Parnaíba é a da Pedra do Sal, localiza-se a 15 km da sede do município. A Pedra do Sal é dividida em duas partes: o lado Manso e o lado Bravo. Reconhecida por seu conjunto de rochedos graníticos, pedras que avançam oceano adentro, que dividem a praia em dois lados: o bravo, mais frequentado por surfistas por possuir ondas fortes, e o lado manso, ideal para descanso, pescaria e acompanhar o pôr-do-sol.
São essas mesmas rochas que dão nome ao povoado, pois sobre sua superfície irregular deposita-se o sal após a evaporação da água do mar.
A principal atividade econômica do município é a pesca, o extrativismo e beneficiamento de ceras de carnaúba, óleo de babaçu, gordura de coco, folha de jaborandi, castanha de caju, algodão e couro. O turismo e o artesanato vem despontando com muito potencial nos últimos anos.
Por Artesol - Artesanato Solidário
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