A vida Á s margens do Rio IgaraÁ§u, na cidade de ParnaÁba e a prostituiÁ§Á£o entre os anos de 1940 e 1960 foram o ponto de partida para a pesquisa que agora ganha as pÁ¡ginas do livro âUm HistÁ³ria das Beiras ou nas Beiras: ParnaÁba, a cidade , o rio e a prostituiÁ§Á£oâ. A publicaÁ§Á£o serÁ¡ lanÁ§ada dia 31 de agosto, Á s 19h, no auditÁ³rio da Universidade Estadual do PiauÁ.
O livro reconta a histÁ³ria de prostitutas, que morriam queimadas em nome do amor. Tal fato foi o que mais chamou atenÁ§Á£o do autor, o professor Erasmo Carlos Amorim Morais. Resultado do mestrado em HistÁ³ria pelo Programa de PÁ³s-GraduaÁ§Á£o da Universidade Federal do PiauÁ, a pesquisa tem como cenÁ¡rio principal o cabarÁ© da Munguba, localizado no antigo bairro Quarenta.
âO universo da prostituiÁ§Á£o sempre me despertou fascÁnio. Com a pesquisa quis entender atravÁ©s da histÁ³ria de vida das mulheres prostituÁdas, sua vida, seus desejos, suas angÁºstias, o porquÁª do ingresso na prostituiÁ§Á£o e que fatores colaboraram para isso. Os sujeitos que estudo ocupam nÁ£o sÁ³ a margem perifÁ©rica da cidade, mas tambÁ©m a margem do Rio IgaraÁ§uâ, explica o autor.
Erasmo Carlos entrevistou duas ex-prostitutas, uma delas jÁ¡ faleceu. Os relatos mostram que apesar da vida que levavam, as mulheres alimentavam o sonho de casar e ter filhos. Algumas, que chegaram a se apaixonar por marinheiros que passavam pelo Porto das Barcas, se matavam ao saber que os amantes nÁ£o voltariam mais.
âElas se trancavam dentro dos quartos alugados ao lado do salÁ£o principal depois jogavam querosene no corpo, riscavam um fÁ³sforo e se queimavam. Algumas chegaram a casar e sair da prostituiÁ§Á£oâ, conta o autor.
Para o autor, o Porto das Barcas, enquanto lugar de prÁ¡ticas comercias, conseguiu construir duas realidades distintas: o centro e a margem. âNa pesquisa fui alÁ©m do que propus. Inicialmente eu queria entender o cais, no entanto, ouvindo as fontes nÁ£o pude dissociar o centro da margem. Hoje esses espaÁ§os encontram-se remodelados ou inexistentes. O centro passou por inÁºmeras reformas descaracterizado a arquitetura da primeiras metade do sÁ©culo passado, enquanto a margem continua com o mesmo estereÁ³tipo , no entanto a prostituiÁ§Á£o, se acontece, manifesta-se de maneira mais silenciosaâ, avalia.
Segundo Erasmo Carlos, quando a prostituiÁ§Á£o foi extinta, o lugar onde funcionava o cabarÁ© passou a ser um bar, cujo dono era conhecido como Augusto. O senhor pintava nas paredes do estabelecimento mensagens deixadas pelos seus visitantes
âHouve uma ressignificaÁ§Á£o do espaÁ§o. Para lÁ¡ convergiam personalidades da cidade do estado tais como Israel Correia, MÁ£o Santa e Elmar Carvalho que por gostarem do som da vitrola que lÁ¡ tocava deixavam em forma de gratidÁ£o mensagem escritas ao proprietÁ¡rio, seu Augusto que fazia questÁ£o de pintar nas paredes a declaraÁ§Á£o dos visitantesâ, conta Erasmo.
O prÁ©dio onde funcionou o cabarÁ© e anos depois o bar, teve sua estrutura destruÁda apÁ³s uma forte chuva em dezembro do ano passado.